domingo, 27 de maio de 2012

COM A LUA POR TESTEMUNHA

Chegou carregado pela brisa quente da noite. O cheiro, tão distinto hoje quanto sempre lhe fora, o impregnou, avançando por carne e músculos para devolver vida aquele ser que por tanto tempo se viu apenas como um amontoado de ossos.

Com o coração pulsando, forte e compassado em seu peito, arrancou do fundo da alma uma fúria que imaginava extinta, rompeu os grilhões e se ergueu livre novamente. Observou a noite com olhos renascidos, dilatou as narinas para enxergar melhor, e enterrando as garras na terra molhada, desapareceu veloz em meio as árvores.

Correu, correu muito, o mais rápido que pode. Voando pelas trilhas, correu até se tornar pouco mais do que um borrão cinzento, um sussurro, um fantasma que dançava pelo ventre escuro e úmido da mata. E por muito tempo, muito mais do que seria capaz de mensurar, seguiu obstinadamente os caminhos que lhe foram traçados no ar. Até que uma noite, pelo vão nascido do encontro de dois enormes troncos nodosos, ele a viu; linda e nua, recostada em uma pedra, os pés alongados pela relva orvalhada, e a mão direita mergulhada brincando com a imensa lua, redonda e amarela, refletida na lagoa, que dominava a extensão da pequena clareira.

O vento respirava por ele, que imóvel e protegido pelas folhagens, contemplava as formas doces e curvilíneas da mulher que agitando os dedos na água fria, criava centenas de pequenas luas. Seus grandes olhos, hipnotizados pelo brilho dos cabelos que desciam como filigranas douradas pela pele marfim, até quase tocar a ponta rija e rosada dos seios pequenos.

Foi a urgência da fome, a fome que há muito não sentia, que o tirou do torpor e o conduziu sobre patas almofadadas, na direção de seu desejo. Passo a passo, o contraste entre a caça e o caçador se evidenciava. Ele em foco, a musculatura tesa, pronto para o bote; ela alheia, relaxada e entregue a si mesma.

E separados pela distância de um verbo.. ele atacou.

– Olá Lady!

O corpo dela estremeceu.

– Você?! - disse ela se virando – Como?!
– Seu cheiro me trouxe!
– Você me assustou.... - disse ela sorrindo, enquanto as mãos delicadas criavam ondas na pelagem sedosa da carranca do animal - Achei que não te veria novamente.

Não respondeu. Se limitou a usar o peso da enorme cabeça, para fazer a mulher deslizar pela pedra até cair suavemente, deitando as costas sobre o tapete verde.

– Ei, isso não vale... disse rindo, enquanto ele avançava devagar, apesar da fome.

Com o corpo dela, entre as patas, baixou a cabeça e farejou. As narinas abrindo, dilatadas e poderosas como se tentassem sugá-la inteira para dentro de si. Abriu as mandíbulas, e por entre as presas brancas em forma de lança, desceu a língua vermelha, dura e áspera.

O primeiro toque, foi na parte interna das coxas grossas, bem próximo a dobra do joelho. Foi um toque suave, breve. Mas ainda assim a fez estremecer.

Pouco a pouco a língua subiu, ora dando atenção à uma perna, ora à outra, variando entre lambidas leves e mordidas suaves, que lhe ruborizavam a pele alva, seguia sem olhar para ela. Na verdade, não precisava. Seus movimentos, e principalmente o crescente som entrecortado de sua respiração, lhe diziam tudo o que precisava saber.

Apesar da fome que sentia, soube aproveitar com calma aqueles momentos. Soube saborear a maciez daquelas coxas, se deliciando com a facilidade com que a carne tenra cedia e se moldava à pressão de sua língua, e com o modo como a pele dela se pintava de escarlate ao mínimo toque dos longos caninos.

Sob o luar, a sombra do animal eclipsou quase por completo a figura da mulher que se contorcia mais e mais, a medida que a língua áspera e molhada, aproximando-se do delta, deixava uma trilha de saliva reluzente atrás de si.

Quando o odor agridoce finalmente lhe invadiu os pulmões, ele lançou os olhos amarelos sobre o sexo e o encontrou entreaberto. E sentiu orgulho ao notar que pela abertura delicada, um pequeno filete, translúcido e oleado, já escorria.

Dominante, não cedeu ao óbvio e passou a sugar, lamber e mordiscar o entorno da virilha, e as carnes suculentas do inicio das coxas; em seguida brincou demoradamente com a pelagem dourada que lhe adornava a boceta, deliciando-se com o contato dos fios sedosos em sua boca. Aproximou-se da fenda e notou o pequeno botão rosado que se evidenciava. Foi até ele, farejou levemente, provocando um leve estremecer, mas não ficou. Preferiu brincar com os lábios, primeiro os grandes, depois os pequenos, brilhosos, macios e melados.

Infinitos círculos concêntricos o aproximavam cada vez mais do grelo. Estava tão perto, que mesmo sem o tocar era capaz de sentir sua pulsação. Em febre, e presa sob as patas do animal, Lady mexia o corpo, tentando em vão forçar o toque que o amante intencionalmente adiava. Simulando a generosidade que não tinha, trouxe o grelo para dentro da boca, mas para desespero da mulher, manteve lábios e dentes de tal modo afastados, que apenas a respiração quente e a saliva conseguiam tocar nele.

Sob os olhos amarelos, Lady ardia em chamas. A cada carícia, a cada toque, por mais sutil ou periférico que fosse, uma corrente elétrica lhe percorria o corpo, deixando cada fibra, cada músculo teso e pulsante... e isso dava a ele imenso prazer.

Sentindo que o momento havia chegado, libertou a língua e lhe invadiu a fenda de carne debruada. A mulher cerrou os olhos e suspirou fundo, enquanto ele usando o peso do corpo, para mantê-la firme sobre o leito relvado, deixava a língua correr livre em seu interior, a dobrando e recurvando para poder explorar cada lugar, sentir cada textura e extrair cada sabor.

Quando, de dentro da boceta melada, ele lambeu a haste pulsante de seu grelo, ela não aguentou mais, e com os olhos azuis embrumados, pediu numa voz já embargada de prazer...

– Vem ... por favor, vem...quero gemer no teu ouvido vem...

Dominado pela fome, e a vendo tão faminta quanto ele, não quis mais resistir. Se ajeitou e subindo o corpo, colando a glande pulsante à entrada da gruta. Faminta, Lady começou a esfregar a entrada de sua boceta na cabeça do falo melado do lobo, que deixando seu peso cair sobre ela, fez o pau desaparecer de uma só vez, dentro da boca molhada do sexo da mulher.

Como se um raio a tivesse atingido, a mulher explodiu. Com as pernas entrelaçadas em torno dos quadris do lobo cinzento, e com as mãos firmes em sua pelagem, Lady gemia forte, se sentindo rasgar, enquanto o pau do amante entrava vigoroso dentro dela em movimentos cada vez mais fortes, e mais rápidos. A cada encontro,uma explosão de carne contra carne, provocavam ondas de choque nas carnes molinhas da bunda da mulher, fazendo com que corressem ligeiras sob a pele como as vagas de um mar violento.

Entre gemidos, a mulher vibrava por sentir depois de tanto tempo, seu corpo ser tomado mais uma vez por aquele febre selvagem. Aquele lobo que ela amava, e que a tanto tempo tinha se perdido, a incitava novamente à liberar seus apetites mais violentos. Sua presença a impedia de pensar em qualquer outra coisa, que não fosse seu prazer. E também por isso ela o adorava.

Com as mãos cravadas em torno do pescoço de seu lobo, afastou-se um pouco, e sorriu vendo o modo como o pênis entrava e saia de sua boceta; brilhante, firme, violáceo. Lady, amava aquele membro vigoroso que se pulsava entre as paredes macias de sua carne. Ela estava tão molhada, tão melada, e ele metia com tanta força, que cada mergulho produzia um som forte e marcante, e ela adorava todos eles. Sentindo o que ia gozar ela gritou para que gozassem juntos.

– Vem ... vem agora, vem...

Ele começou então a empurrar com violência se movimentando ao ritmo dos gemidos dela, que se atirar contra ele cada vez mais rápido e mais forte, enquanto as paredes da xota se moviam autônomas, sugando e ordenhando o membro.

Com os olhos semicerrados, e as bocas abertas, a saliva desceu quente pela língua exposta, molhando o ventre da mulher, cujos gritos aumentavam de volume, se tornando mais e mais primais a cada estocada do lobo que reagia, reagia a cada um deles, com um mergulho mais vigoroso e profundo, criando assim uma espiral de prazer sem fim.

Lady gozou aos urros, ao sentir o esperma quente e perfumado explodindo em jatos fortes e volumosos, que misturados ao seu próprio, lhe escapavam pelos lados da boceta, e desciam pela haste do pau do amante, a medida em que ele entrava e saia de dentro dela. Foi como ela sempre imaginou que seria. Todo o seu corpo tremia, vibrava. Uma sensação tão profunda, uma felicidade tão intensa, que sentiu que nada além daquilo existia de fato.

– Que bom que você está aqui! - disse ela – Foi você que me trouxe de volta.

Se amaram por mais duas vezes naquela noite, e quando algum tempo depois, a febre finalmente lhes cedeu descanso, permaneceram ali mesmo, lado a lado, acarinhando-se sobre a relva, e observando em meio ao dossel de árvores copadas, a alvorada trazer novas cores a um céu sem nuvens.

4 comentários:

Lou Albergaria disse...

maravilhoso conto! como sempre!


Que tesão louco! só isso. só isso???? hehehe...


Beijos, Lobo!

Loboguará disse...

Que bom que gostou Lou... obrigado por todo o carinho e por me fazer sentir que caminha comigo por todas as trilhas... Lambidas do Lobo

aldrey disse...

Nossa que delicia...A vibração de 2 corpos loucos e sedentos!!bjss da Lesada

Loboguará disse...

Oi Aldrey.. que bom que gostou menina.. é sempre bom vê-la por aqui.. Lambidas do Lobo