quinta-feira, 31 de maio de 2012

OS OLHOS DO GATO

Na televisão bobagens vêm e vão correndo ligeiras sob o comando invisível do controle de Nina, que tenta em vão achar algo interessante.

Aos seus pés Vítor, o único homem de uma casa dominada por mulheres a observa. Bem, não exatamente um homem, mas um macho.

Vítor é um gato.



Nina tem verdadeira paixão por felinos. Possui seis: cinco fêmeas e Vítor, o único que detém o privilégio de poder dormir com ela.

Toca o telefone.

–  Poxa.. já não era sem tempo. – diz a menina, alongando o braço para alcançar o aparelho. – Alô?!
–  Oi amor.. sou eu.
–  Cadê você, já são dez horas. Tô pronta há um tempão!
–  Desculpa anjo.. mas hoje não vai dar não. Tô preso aqui no escritório... não vou conseguir sair tão cedo....
– Mas e o aniversário da tua prima ??? ..... tô toda arrumada...
– Foi mal, mas não vai dar. Depois a gente se fala, tá bem.... te amo – diz o rapaz, já desligando.
–  Carlos? Carlos.... Que babaca!!!... desligou! Filho da puta... me convence a ir na merda do aniversário da prima. Me arrumo toda pra esse viado me dizer na última hora que não vai!! Ainda por cima desliga na minha cara?! Filho da puta.. Mas se ele acha que vou ficar em casa tá muito enganado... agora que estou assim, vou sair!

Nina se levanta, e em passos largos vence o espaço do quarto até a sala. Pega as chaves e os documentos do carro, joga tudo dentro da bolsa e sai batendo a porta. No elevador, a irritação não permite que ela ouça os elogios gulosos do vizinho.

Leva cerca de trinta minutos para chegar a boate. O lugar é escuro, as pessoas dançam freneticamente ao som da batida eletrônica.

A menina sobe ao andar de cima, e se senta em um dos sofás espalhados pelo local. Não demora para que um rapaz se aproxime. Alto, os cabelos e a pele clara, contrastam com as roupas pretas. Nas mãos, dois drinques formalizam um convite.


–  Aceita ? – pergunta o rapaz lhe oferecendo um dos copos.


Ela titubeia.. mas pensa no bolo que levou e responde..

–  Obrigada.

Conversam um pouco. Rostos forçosamente colados pelo volume do som... Ela descobre que tem a mesma idade, que é publicitário recém chegado de São Paulo para trabalhar na filial da empresa. Ele pergunta sorri e a puxa à pista de dança, ela vai sem reagir.

O movimento dos corpos fazem da cena um jogo suave de sedução. Vez por outra, o rapaz, sussurra algo no ouvido de Nina que ri. Mas quando ele tenta beijá-la ela se afasta e sorrindo meio sem graça, diz que esta ali para se divertir e nada mais.

Ele insiste...

Olha.. não dá.. tenho namorado..
– E cadê ele? – pergunta ele.
– Não pode vir.
– Sei.. - diz ele mantendo um sorriso malicioso no rosto - Deixa disso... não precisa bancar a dificil.. sei que você também quer.

Ela tenta se desvencilhar. Ele não gosta.

Encorajado pela bebida, agarra o braço delgado da menina e a puxa com trás para perto de si. Depois com violência ainda maior, envia a outra mão sob o vestido e esfrega seu sexo, enquanto força sua língua para dentro da boca de Nina.

Ela trinca os dentes, e um filete espesso de sangue brota do rasgo da língua do homem, salgando sua boca

- Mmmmm ... zua puta - diz ele segurando a boca com as mãos... vozê me mord...

Não chega a completar a frase. Um tapa estala em seu rosto, encerra o caso.

Nina sai dali rapidamente. Sua noite fora tinha terminado.

Chega em casa e tira os sapatos de salto alto que ficam ali mesmo na sala. A sua volta, as gatas ronronam e se esfregam nela.

Nina entra no quarto e encontra Vítor esparramado na cama.

– Vítor!!! Tomou conta, né?

O gato mal digna-se a entreabrir os olhos.

– Vem cá meu amor.... –  diz elevando o gato à altura do rosto. – Por isso que eu te amo viu! Homem é tudo uma merda. Primeiro o bosta do meu namorado, que me dá um bolo. Depois saio para esfriar a cabeça e me aparece um babaca que mete acha que eu sou uma puta qualquer, pode?! Duvido que você fizesse isso comigo.

Os olhos do gato, fixos na mulher, parecem concordar com ela.

–  De hoje em diante, só quero você de homem na minha vida Vítor. – sentencia colocando o animal de volta na cama.

Sob o olhar atento do felino, Nina tira a pulseira, o relógio e os brincos e os coloca cuidadosamente no porta-jóias sobre a cômoda.  Depois passa um pouco de creme no rosto e começa a retirar a maquiagem. Se livra do vestido, tão cuidadosamente escolhido, e assim, só de calcinha, vai fazer xixi.

Vítor vai com ela.

Entram no banheiro. Ela tira a calcinha branca, que desce se enrolando caprichosa por suas coxas e se senta no vaso. Com as pernas entreabertas e as mãos sobre os joelhos, observa Vítor parado bem a sua frente.

Tenta ignorar o animal, e comprime a barriga forçando o xixi. Mas exceto por um leve estremecer na vulva, nada mais acontece.

– Ai.. Vítor. Olha pra lá. Assim eu não consigo fazer.

O gato não se comoveu, permaneceu ali, olhos fixos na menina.

Sem levantar do vaso, Nina estica o corpo e abre a torneira da pia. O som da água fluindo vai relaxando a menina mais e mais, até que enfim, em meio a selva de pêlos negros, brota uma nascente tímida que em pouco tempo se transforma numa grossa e ruidosa cachoeira dourada.

Um pedaço de papel higiênico, cuidadosamente dobrado, percorre suavemente a extensão de sua fenda, enxugando os lábios rosados e o som da descarga marca o fim do ato.

Ela fecha a pia, abre o chuveiro, verifica com o dorso da mão a temperatura da água, e quando a sente agradável, entra.

A ducha lhe cobre como um manto prateado, que fragmentando a luz, cria sobre ela centenas de pequenos arco-íris.

Nina se permite ficar um bom tempo assim: mãos espalmadas na parede, corpo inclinado para frente, apenas sentindo a água caindo sobre ela. Depois, pega o frasco de sabonete líquido, e derramando uma porção generosa na mão em concha, percorre sua geografia, acariciando vales, montanhas, e selvas. Por momentos, a espuma perfumada lhe toma o corpo, até que seus rios a arrastam curvas abaixo, em direção ao redemoinho do pequeno oceano à seus pés.

Neste ritual, a boceta é tratada com especial cuidado e carinho. Os pêlos sedosos, recebem o mesmo xampu que seus cabelos, e os dedos brincam de se encaracolar por eles.Cuidadosamente Nina abre seus lábios expondo o botão e a carne ainda mais rosada. Pega então a ducha flexível e com a mão direita dirige obliquamente, de baixo para cima, o jato morno em direção a seu sexo. Uma cortina desce sobre sua consciência e a separa do resto do mundo. Seus dedos apertam a carne da vulva. Enquanto, pouco a pouco o jato se aproxima, imprimindo tremores ritmados, adestrados, imoderados, como são seus dedos quando drogam o clitóris.

Sem parar de dirigir a ducha, toca em seu peito. A mão aberta, se espalma sobre ele, massageando suas formas redondas, desde a base até o cimo. O indicador mais liberto, provoca o bico rijo, fazendo com que vibre rapidamente. Brinca com ele. Aperta, puxa, e torce suavemente, e fazendo assim, o sente inchar ainda mais.

Os olhos castanhos, ficam imensos. Seus lábios aumentam de espessura e brilho. O rosto, purificado, já não trás qualquer sinal dos aborrecimentos passados. Ela fecha o registro de água, larga a ducha, e se deixa escorregar até o chão do chuveiro. Pousando a mão direita entre as pernas, com dois dedos separa suas metades e inicia um vaivém sobre fenda.

Dobrando o joelho, ergue a coxa esquerda e se permite ficar ainda mais aberta. O pequeno clitóris, apesar de já completamente visível, ainda não havia sido tocado diretamente. Por enquanto, todos os seus movimentos o tinham evitado. Nina posiciona o dedo médio entre os lábios da xana, e o curvando, lentamente penetra em sua gruta melada. Sente um arrepio percorrer a espinha, como se uma descarga elétrica a envolvesse.

Retira o dedo e vê com satisfação o filete brilhoso de mel que o cobre com fartura. Leva a mão ao rosto e se lambuza completamente.

Gosta de seu sabor.

O dedo retorna a boceta, entrando desta vez com mais vigor. A curvatura lhe permite tocar o grelo por dentro, sentido toda a rigidez de sua estrutura enquanto o polegar o acaricia por fora.

A febre aumenta, e Nina entra com dois, três dedo em sua xana. Em seu interior eles requebram como serpentes, explorando todas as partes de sua anatomia mais íntima.

Alheia a tudo, que não seu prazer, Nina começa a rebolar o quadril, e o mel desce farto por entre seus dedos cobrindo parcialmente as coxas. O calor do rosto, a boca entreaberta, expondo a língua, os olhos fixos no entra e sai dos dedos, a respiração entrecortada, tudo anuncia a aproximação do gozo.

Seus gestos se intensificam. Passam a ser compulsivos, como se tentasse arrancar a última fruta de um galho, puxando, puxando, puxando, até trazer tudo abaixo. Um urro selvagem arranhou sua garganta para anunciar o orgasmo. Um gozo bom, liberto de obrigações. Um gozo quente, melado, extraído do mais puro prazer.

Os olhos da menina abrem-se lentamente, e encontram-se com os de Vítor, do outro lado do blindex. Ela se da conta que ele esteve ali o tempo todo. A vendo se tocar, gozar, urrar.

O êxtase que sentia, permitiu a Nina compreender o poder oculto naquele olhar. Ele não a observava como dona, mas como fêmea. E ela se sentiu imensamente desejada por isso. Naquele momento desejava que Vítor fosse um homem. Não, homem não, pois definitivamente são todos uns babacas. Queria ser ela uma gata. Isso! Ela seria uma gata para poder se entregar loucamente aquele macho de olhos tão poderosos.

Ainda sentada, abriu a porta de vidro, e esticou o braço e os dedos melados na direção do animal. Vítor se aproximou e toque áspero e quente de sua língua sorvendo o mel, provocou nela um novo tremor.

A mulher sai do box, e retira do suporte a tolha macia.

Enxuga primeiro os longos cabelos, depois as pernas, rosto e costas. Deixa a toalha molhada sobre a pia, e sai nua do banheiro. Não sente qualquer constrangimento em andar assim. Ao contrário, se durante anos, quando ainda morava com a mãe, irmã e sobrinhas, tinha de se conter, agora, em seu próprio apartamento, adora se sentir livre.

O telefone toca e ela não atende. Na secretária a voz preocupada de Carlos:

–  Nina, onde você está? Porra, tô te ligando a noite inteira. Cadê você? Cheguei em casa agora te procuro e nada... onde você foi... assim que chegar me liga!

Talvez ela ligasse. Talvez não. Ainda não sabia ao certo se perdoaria o escroto pelas merdas que ele andava aprontando. E depois de hoje, teria de pensar. De qualquer modo, não ligaria agora. Não naquela noite. Ainda estava muito excitada. Excitada como há tempos não estava. Em sua mente fantasias, imagens, sensações a dominavam. E havia o calor, o imenso calor que ainda lhe ardia entre as pernas e que ela desejava sentir queimar ainda mais.

Aquela noite era dela... apenas para seus olhos ... e para os olhos do gato.

4 comentários:

LadySiri disse...

Até o simples ato de fazer xixi você consegue tornar em um belo poema! Ma-ra-vi-lho-soooo! Seu bom gosto é impecável (já te disse isso, mas não custa lembrar). Belíssima diagramação, imagens e textos! Como é bom ter você de volta!

Beijo gostoso em você meu Lobo Guará

SenhoraLúcifer disse...

Delicioso!
Com um voyeur inusitado e a sacanagem comendo solta...rsrs
Descrição perfeita e pelo visto como sempre.
Beijos gulosos em você Lobo.

Loboguará disse...

Menina, te conheço a tão pouco tempo e já gosto tanto de você.. tua presença aqui, me faz imensamente feliz... obrigado pelo teu carinho e por tua amizade, minha capetinha predileta

Loboguará disse...

Minha linda.. amiga de tantas trilhas... como é bom ter vc aqui comigo